O Sertanejo

Da  soleira do casebre ele olha o céu
Uma esperança sente em seu coração,
De vê cair à chuva em grossos pingos
E encher o riacho, a Deus pede proteção.

 Os dias passam, o sertanejo entristece
O milho que plantou já todo secou,
Sua cabra de leite, sem pasto se foi
Morreu de fome, só a carcaça restou.

A procura de calango sai, para assar
Pés calejados, sol quente, ele a buscar,
Quem sabe se no dia seguinte, ele pensa
A chuva vem e tudo vai melhorar.

Toda a sua vida ali viveu, não quer deixar
A terra é ressequida, mas é tudo seu,
Como ir, para onde, nesse mundo de Deus?
E deixa-se ficar a espera, nem sabe de que.

O cacto restante serve de alimento
Por mais um dia, espera confiante,
Nessa noite ele sonha que ao raiar do dia
A chuva benfazeja, é certo, vai chegar.

Um estrondo logo cedo o despertou
Uma chuva como nunca viu, caiu,
Agradecido a Deus e ao Padim Pade Ciço
Ajoelha-se no chão de barro, chora e reza.

Sim, ouviu o barulho da chuva caindo
Sentiu o cheiro da terra seca, molhada, 
O amor se fez mais forte, falou com emoção:
Não vou te deixar meu sertão, minha terra amada.

Esta poesia é integrante do Livro  Alumiar ( 2010) 




0 comentários:

Postar um comentário