Sentado na cadeira de balanço
Na varanda da bela Casa Grande,
Ele olhava o cafezal verdinho
A extensa gleba se perdia no horizonte.
Possuia terras, poder, e fortuna
Que mais podia ele desejar?
Tinha mulher, um filho e criados
E mão-de-obra escrava para trabalhar.Conseguira todo aquele patrimônio
Com " mão de ferro" pronto a castigar,
Aquele que se interpunha em seu caminho
Sem a menor piedade mandava matar.
Trinta chicotadas no infeliz escravo
No dia anterior mandara açoitar,
Sumira alimento da cozinha
Muito caro ele iria lhe pagar. Mandara o feitor cortar com o machado
A mão daquele infeliz escravo,
Para que ele nunca mais a usasse
E devia suportar tudo calado.
Ali matutando, sonolento, adormeceu
E seu espírito naquele momento se desligou,
De repente, viu-se ali dormindo
E sem entender, admirado, olhou e chorou.
Ficou vagando pela fazenda muito tempo
Até que um dia um samaritano o acolheu,
Chorava arrependido de tudo que fizera
E pedia ajuda pelo amor de Deus.
Ficou em um hospital por longo tempo
Sendo cuidado com amor e carinho,
E depois levado às escolas do espaço
Para ser esclarecido e escolher seu caminho.
Voltou então a encarnar na mesma fazenda
Como filho, do seu filho, já casado,
Mas por Justiça Divina e reparação
Veio o antigo coronel, nascer sem braço.
Todos nós que erramos nas nossas vidas
Temos direito ao resgate, à reparação,
Em vidas sucessivas, pouco a pouco
Sofremos com as provas e adquirimos o perdão.
A evolução do ser é infinita
Depende o crescimento de cada um de nós,
Procurarmos com amor, num esforço contínuo
Seguirmos as " Leis Morais" deixadas por Jesus.
Essa poesia é integrante do Livro O vôo do Condor ( 2004)
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