A chibata estalava e o suor escorria
O corpo em chaga viva, o escravo sentia,
Ele indiferente, insensível , a sorrir, contava
Quantas chicotadas dera no negro nesse dia.
Era Feitor, ordens enérgicas recebia do senhor
Precisava ensinar o negro rebelde a entender,
Que era escravo, sem direitos, não podia ter vontade
Só obrigação de trabalhar, obedecer, e nada ver.
O corpo em chaga viva, o escravo sentia,
Ele indiferente, insensível , a sorrir, contava
Quantas chicotadas dera no negro nesse dia.
Era Feitor, ordens enérgicas recebia do senhor
Precisava ensinar o negro rebelde a entender,
Que era escravo, sem direitos, não podia ter vontade
Só obrigação de trabalhar, obedecer, e nada ver.
E assim todo dia ele com prazer batia
Julgando que as chibatadas que ele aplicava,
Destruiriam a vontade, a força, a fé, a raça
Destruiriam a vontade, a força, a fé, a raça
Daquele povo sofrido, desesperançado, sem nada.
Eis que um dia, de repente, o Feitor morre
Mas permanece por ali, pela senzala,
Mas permanece por ali, pela senzala,
Sem ajuda de ninguém, julga-se vivo
Anda, grita, sente fome, frio e chora.
Anda, grita, sente fome, frio e chora.
Nesse sofrer, cinquenta anos se passaram
O Feitor não suporta mais tamanha dor,
Pede então ajuda a Oxalá, o Deus dos negros
Pede então ajuda a Oxalá, o Deus dos negros
Ou a qualquer um Deus, não importa a cor.
Uma forte luz vem iluminar o ambiente
E o Feitor sem poder olhar quem ali está,
E o Feitor sem poder olhar quem ali está,
Arroja-se ao chão pedindo alto: clemência !
Sentindo que alguém de luz viera lhe buscar.
Um preto velho alquebrado pelos anos
Com uma auréola de luz resplandecente,
Fala-lhe: Vem fio, te aconchega nos meus braços
Pois acabou o sofrimento do teu corpo e tua mente.
No ombro do " velho Benedito" o Feitor repousou
Sua cabeça cansada e calmo adormeceu,
No ombro do " velho Benedito" o Feitor repousou
Sua cabeça cansada e calmo adormeceu,
E foi levado a um plano, a outra esfera
Onde uma falange de pretos velhos o acolheu.
Ali ele aprendeu, lhe ajudaram, perdoando
Ali ele aprendeu, lhe ajudaram, perdoando
Os vícios, as maldades que tinha cometido,
Mas, mesmo depois de ter compreendido
Sofria o Feitor por demais arrependido.
Foi ele estudar e com o bom "velho Benedito"
Aprendeu os sentimentos do perdão e do amor,
Da verdadeira fraternidade, da doação, da união
Dos amigos verdadeiros que independem da cor.
Mais vinte anos se passaram, meus irmãos
Aqui está o Feitor com reencarnação programada,
Escolhida por ele e por todos aprovada
De voltar filho de uma negra muito amada.
Terá carinho, muito amor ela lhe dará
Mas ele terá que sofrer " na pele" o que causou,
Mas ele terá que sofrer " na pele" o que causou,
Em vida passada a tantos irmãos que zombou
E assim pagar as dívidas, que ainda não resgatou.
Resolvi passar para vocês essa história
Para que vejam e sintam a realidade,
Ninguém jamais evolui espiritualmente
Com preconceitos de qualquer espécie, é a verdade.
Obrigada Deus, Pai de bondade e misericórdia
Que dás a teus filhos todas as oportunidades,
De prosseguirem sua jornada evolutiva
Fazendo elevar o nível moral da humanidade.
Essa poesia é integrante do Livro " O vôo do Condor " ( 2004)
0 comentários:
Postar um comentário