PRECONCEITO

Porque  irmão  o preconceito ?
Se já vens de outras vidas , de outras formas
De outras raças, de outros sentimentos...

Porque olhas para teu irmão 
Com esse olhar de superioridade
De  intelectual  e autodidata,
Se já vens de vidas em que nada sabias
Se o tempo é que te fez aprender.

Só não te fez, ainda, compreender,
Que nada somos
E que, enquanto estivermos presos a vaidade
De pensar que estamos acima do nosso irmão,
Quanto tempo foi perdido...

como o tempo corre, meu irmão...
procura ocupar este pequeno espaço,
Preenchendo o teu tempo com o saber
Com o conhecimento da humildade,
E da fraternidade.

Caia em si irmão, ainda é tempo
Vê se caminha e vai em busca
De uma visão  mais clara 
Mais firme e mais fraterna 
Da humanidade. 

Esta poesia é integrante do Livro Sementes de Luz ( 1999)

MENSAGEM

Uni-vos, meus irmãos, em torno  do Mestre amigo JESUS, que nos inspira  somente pensamentos  bons e nos transmite irradiações  de paz e serenidade.

O que seria  dos seres humanos  sem a fé e o amor? 
O que seria dos injustiçados , dos esfomeados  deste planeta, seres que desde o nascimento só vêem  violência  nos seus lares e,  ao seu redor  tanto desamor?

JESUS  é o conforto, JESUS é o amigo que protege, ameniza a dor sem alterar  nem influenciar no livre arbítrio,  que é direito de cada ser.

Ergue teu pensamento irmão, e nas horas dificeis  que travessares, pede a este amigo querido, que mostre o caminho verdadeiro da paz interior, assim, com serenidade, conseguirás resolver os problemas  existentes  em tua vida. 
Amor, Fé, Coragem para vencer os desafios  que se apresentam, eis a grande batalha travada neste planeta.  Aqueles que confiarem no amor do Mestre, conseguirão  com certeza, sair vencedores desta grande luta contra as maldades  deste mundo. 

                     Esta mensagem  é integrante do Livro Sementes de Luz ( 1999)

                                                    FÉ

A morada  é debaixo  de um viaduto. Apenas duas táboas  colocadas  junto ao cimento, um pedaço de plástico velho, fazendo vez  de telhado, completa aquele lar. 
Por toda parte há baratas andando, crianças nuas, descalçadas, sujas. Nem  água  existe  por  perto,  só   mais longe,bem  longe...
Sonia chega para fazer a visita rotineira, aquela familia sofredora. A mãe lamenta: 
-Minha filha está queimando de febre. Não tenho dinheiro para levá-la a um  médico, nem dinheiro para a passagem do ônibus até o hospital. Também não ia adiantar. Se o médico passasse  algum remédio , eu não poderia comprá-lo. 
O coração de Sonia , que também é mãe, se aflige e intuitivamente fala: 
-Faça um chá de limão, agasalhe-a bem para que possa suar, e amanhã ela estará boa, se Deus quiser.
A mãe sofrida responde: 
- Não tenho limão.
Sonia corre até sua casa, verifica se tem limão  na geladeira e encontra dois. Sai correndo , pensando: 
" Se eu tivesse  dinheiro ajudava, mas não tenho". 
Chega até aquela mãe, emntrega os limões e exclama: 
-Se Deus quiser, amanhã sua filha  estará boa! 
E na manhã do dia seguinte, bem cedinho,  foi até lá e teve a comprovação:
DEUS  QUIS. 
Confia no Pai que ELE te ama muito. Nas tuas necessidades, nos momentos de dor, quando não encontrares uma saida, recorre a ELE com fé e a ajuda chegará. 
Distende teu pensamento para o alto em oração, o nosso Criador te enviará as benções de que necessitas e te dará o conforto necessário para seguires  em frente com coragem e confiança.
Pede e receberás, bate e a porta  se abrirá.




Esta mensagem  é integrante do Livro  Sementes de Luz ( 1999)



METAMORFOSE

Que feio inseto saindo do ovo
Rastejante, pegajoso, sem atrativo,
As pessoas ao olharem a “lagarta”
Alguns sentem pena, outros têm nojo.

Mas depois de certo tempo de espera
Ela se transforma numa bela borboleta,
Que alça vôo cortando o horizonte
Com belas asas, fazendo pirueta.

Às vezes, fico a admirar esse inseto
Que com sua transformação consegue atrair,
Os olhares de admiração de toda gente
E liberta da larva, faz-se ressurgir.

Comparo o homem a uma lagarta
Que no primeiro estágio evolutivo,
Ignorante sem qualquer esclarecimento
Vive num casulo, sem saber o motivo.

Mas com o decorrer de anos e anos
A personalidade e a evolução espiritual,
Faz com que se torne um ser especial
De beleza interior e grande ser moral.

A transformação é lenta, gradativa
Não se consegue nada vertiginosamente,
As vidas sucessivas,vão lhe transformando
Num ser de luz intensa e equilibrada mente.

Se somos hoje "lagarta" meus irmãos
Tenhamos certeza absoluta
Que um dia haverá a transformação
E seremos belas e coloridas “borboletas”
Voando leves e livres na imensidão.

Esta poesia é integrante do Livro O Voo do Condor ( 2004)




MÃE

  Quem é essa mulher?
Que me olha com um amor tão grande e sinto que por mim daria a própria vida.

Quem é essa mulher?
Que vela meu sono, que me orienta  para que eu siga sempre  o bom caminho.

Quem é essa mulher?
Que não vê os meus defeitos e consegue  perdoar  tudo que faço de errado.

Quem é essa mulher?
Que sofre com o meu sofrimento e que eleva o pensamento  em prece  todos os dias pedindo a Deus que me proteja.

Quem é essa mulher?
Que sorri quando me  vê  feliz, e a sua felicidade só é possível quando eu mesmo sou.

Essa mulher é aquela que veio com a missão dada por Deus de ser Mãe, de orientar seu filho durante sua estadia  terrestre e procurar através dos conselhos e preces, fazer dele um homem de bem. 

Esta poesia é integrante do Livro O Voo do Condor ( 2004)




CAMINHO PARA A PERFEIÇÃO


Caminho  para  a  perfeição    

Abriu os olhos  devagarinho. Estava deitada numa cama  forrada com lençóis limpinhos e cheirosos , sentiu um cheiro de eucalipto  no ar.
O silencio era total. Não via ninguém  e pensava, que lugar é esse ? onde estou ?
Será que sofri um acidente e não lembro ? Está parecendo um hospital... Mas ao tentar  levantar  a cabeça ,Paula começou a sentir tontura e achou melhor ficar na posição anterior.
Olhou  ao seu redor e viu que as paredes do quarto eram pintadas  de branco, e existia uma janela muito larga  que devia dar para algum jardim, pois ouvia-se canto de pássaros.
Já fazia algum tempo que acordara quando de repente viu entrar um enfermeiro com uma bandeja na mão e  lhe falou sorrindo:
-Bom dia minha  irmã, como está se sentindo ?
-Mais ou menos, um pouco tonta. Gostaria de saber porque estou aqui  . O que houve comigo , não consigo lembrar de nada.
-Não se preocupe, você está em um hospital, e se encontra sob os cuidados  da irmã Maria. Logo  você estará boa, agora procure tomar esse remédio e  colocou uma chávena de chá quentinho em suas mãos.
Com delicadeza o enfermeiro ajeitou seu travesseiro e falou:                   -Deixe-me ajudá-la, depois que tomar esse chá de ervas você vai se sentir bem melhor, com certeza.
-Como é seu nome ? Paula  teve curiosidade de perguntar, e ele respondeu:
-Chame-me de  Irmão José.
-Obrigado irmão José, pela atenção comigo. Tomou  o chá e logo após novamente adormeceu.
Acordou com um raiozinho de sol entrando pela janela  aberta, olhou e sorriu , pois sempre o sol significava  para ela, vida , energia, alegria.
 Naquele instante entrou uma enfermeira ,chegou perto e falou:
-Paula você está melhorando, está mais bem disposta e com outra cor, mais tarde já poderá levantar-se um pouco e ir até a janela. Se cansar volte a deitar até que se restabeleça completamente.
Sei que você esta se sentindo fraca, mas pouco a pouco  irá recuperar sua energia  e poderá sair e passear lá fora com as outras pessoas.

-Obrigada irmã, seu nome é Maria  não é?  o irmão  José me falou. Serei sempre  grata por tudo que está fazendo por mim. A irmã sorriu e disse:
- Não me deve nada minha filha.
Mais tarde, estando sozinha, tentou levantar, devagarinho,  e foi  até a janela. Que paisagem maravilhosa!  Avistava do alto da janela um belíssimo parque com muitas árvores frutíferas  e imensos jardins com flôres variadas, formando canteiros de rosas, margaridas, lírios, uma profusão de cores. Sentiu-se feliz, uma paz muito grande lhe envolveu.
A noite, Irmão José veio falar com  Paula e convidou-a para assistir uma palestra que ia haver no auditório do hospital. Que acha de irmos juntos ?
Paula falou que sim, pelo menos não ficaria no quarto sozinha e iria conhecer mais gente. Sempre gostou muito de fazer amizades e seguiu satisfeita com  seu novo amigo.
Achava estranho não lembrar de nada, da família, de ninguém. O que tinha acontecido com ela foi um acidente, mas  ninguém lhe explicava nada. Diziam quando você ficar boa vai lembrar de tudo, não se preocupe.
Paula chegou a perguntar: Faz muito tempo que estou nesse hospital ? E lhe responderam: Um pouco de tempo.
 Respostas evasivas que não lhe deixava satisfeita, embora fosse muito bem tratada e não lhe faltasse nada.
Acompanhou o Irmão José e andando devagar apoiada no braço dele chegou a um auditório.
Cadeiras enfileiradas, muitas pessoas sentadas  e a frente  um palco com uma mesa comprida e nela sentado um senhor de cabelos brancos, estava em silencio.
Uma música clássica  tocava baixinho e havia no ambiente uma paz tão grande que vinha lagrimas aos olhos de Paula.
Como estou sensível pensou ela, sinto vontade de chorar, mas por que será ?
Sentou-se junto ao Irmão José  e ficou aguardando o início da palestra. Exatamente  às dez horas deu entrada no salão um senhor vestido  com uma túnica branca, cabelos grisalhos e de barba, uma figura que irradiava uma luminosidade  muito grande e era percebida por todos ali  presentes.
Começou a falar:
-Boa noite meus irmãos, sou conhecido pelo nome de Marcos fui médico na minha ultima  encarnação e aqui estou para lhes trazer uma palavra de encorajamento, de esperança,  nos novos caminhos que irão trilhar.

Paula estava atônita, ouvira falar que Marcos era um espírito muito bom, curador, mas que era falecido. E o que ela estava fazendo ali assistindo o falecido  falar, não entendia nada ... estava confusa.
Estaria sonhando ? Procurou ficar atenta a todas as explicações que o palestrante  estava dando para se inteirar do que se passava.
Continuando a palestra ele  dizia...
Meus  amados irmãos,
Quando encarnados muitas pessoas pensam que viver 80 a 90 anos é um longo tempo e procuram usufruir de todas as vantagens que a  sociedade que vivem lhes oferece.
         Dinheiro, viagens, bens materiais, tudo que puder adquirir e possuir o homem  busca. Mas esquece do principal...
De se preparar para uma viagem que ele necessariamente um dia irá fazer, a viagem de volta a pátria espiritual de onde um dia ele partiu.
         O homem não sabe o dia, que esta programada sua volta, mas com certeza ele sabe que estará viajando de volta  no dia que Deus determinar.
E eu pergunto a vocês ...   continuava o palestrante....
Cuidou o homem da preparação dessa viagem?
 ou esqueceu que o único bem que ele irá levar quando retornar a sua pátria espiritual, são os bens que ele praticou, são as ações que ele fez em favor dos seus irmãos.
Ajudou ele alguém em algum momento ?  deu de comer a quem tem fome, amparou o velho ou a criança necessitada? olhou pelo irmão doente oferecendo sua ajuda , que fez ele do seu precioso tempo ?
Muitas pessoas, sentem um vazio dentro de si, elas tem fome de amor. Desejam dar e receber amor em constante reciprocidade.
Procuram colaborar nas  obras de caridade socialmente, outras ajudam instituições porque fazem  parte de alguma congregação e tem a obrigação de ajudar, mas tudo isso não é suficiente...
Essas pessoas, continuam vazias necessitando de algo que  preencham  suas vidas e somente sentindo o amor fraterno, verdadeiro, é que se sentirão plenas de paz, de equilíbrio, e serenidade.
È necessário um exercício  disciplinado de reflexão, de tempo, de paciência.
De reflexão, para entender que nenhum ser humano pode ser feliz  se pensar somente em si mesmo, egoisticamente.
O tempo  é necessário para chegar a compreensão que se olharmos ao nosso redor sempre existirá  alguém  precisando de ajuda, seja material ou espiritualmente.
A paciência  é a maior virtude de um ser. Quem a possui  sabe escutar, sabe orientar, sabe amenizar  o sofrimento ou as preocupações dos outros.

Muitas pessoas, falam que não ajudam seus irmãos por não possuírem meios financeiros para isso.  Dizem que se tivessem poder aquisitivo melhor, muito bem  fariam. Será que isso é verdade ?
Grande número de pessoas ao melhorar de vida, esquecem  seus desejos de fazer a caridade e procuram usufruir  de mil maneiras o que a vida lhes oferece. Esquecem completamente  o que desejavam fazer.
Eufóricos com o poder que o dinheiro  lhe trás, procuram obter coisas supérfluas, sem lembrar de tantos necessitados que cruzam seu caminho.
Amados irmãos, a todos que estão aqui assistindo esta palestra eu vos confirmo que a verdadeira pátria  é esta, que nós estamos.  Alguns   irmãos após essa palestra serão levados a uma sala especial onde irão recordar vidas anteriores  que irão lhes esclarecer e muito seu histórico de vida.
Entenderão então as suas falhas, as suas tendências e muitos com certeza chorarão,  porque somente aí, irão entender o tempo que perderam  quando encarnados.
Irão  verificar também quanto tempo desperdiçaram  em suas vidas, acalentando dentro de si o rancor, a mágoa, o ódio. Todos esses  sentimentos que somente destroem a  vida do ser humano e que poderiam ser revertidos em amor ao próximo, em caridade e ajuda a seus irmãos de caminho.
Amados irmãos, gostaria de pedir, a cada  um em particular,   procurem  refletir melhor no que fizeram de suas vidas enquanto encarnados. Depois de muita reflexão irão entender como foi inútil procurar obter coisas materiais e não lembrar da essência que é o ser.
Desejo a todos uma boa estadia nessa colônia em que estão passando esse tempo que será breve, pois logo irão encontrar lugares onde poderão viver  com amigos com quem tem afinidades ou talvez com familiares que desencarnaram  já há bastante tempo.
Visto isso, tenho a dizer a vocês que breve nos encontraremos, mas com certeza será em outros hospitais  outras colônias, ou talvez em outras cidades.
Paz para todos e que Jesus e Maria Santíssima os abençoe.
Um fraternal abraço do amigo .....
Nesse momento fez uma oração à  Maria, mãe de Jesus, comovente.
Agradecia a ela, toda a proteção que estava dando aos filhos que retornavam de outras moradas. E  discretamente  retirou-se do salão.
Paula ouvia atentamente toda a palestra junto com Frei José e sentia que recebia nesse momento, através das palavras que lhe dirigiam, um raio de luz tocando seu coração e sua mente.
Jamais alguém tinha tocado tão fundo seus sentimentos e o ponto de falar sobre mágoa. Que grande verdade sim, ele  estava explicando. Agora entendia que desencarnara e não sentira, somente agora sabia que não pertencia mais ao mundo dos vivos, e recebia essa noticia  com muita calma e serenidade.
Fora as palavras que ouvira daquela pessoa que de antemão sabia ser tão iluminado.
Sentia-se assim    tranqüila  por que estava em boas mãos,  tinha certeza disso e procuraria  de agora em diante seguir novos caminhos, mais iluminados, sem rancores  e sem mágoas.
Com essa resolução tomada, procurou irmão José e partiu para  o seu quarto no hospital onde tinham lhe destinado.
Tinha algumas dúvidas e procuraria falar com esse irmão para que lhe esclarecesse  sobre várias coisas que  não compreendia.
- Irmão José, como cheguei aqui ? de que maneira  fui trazida até esse lugar...  gostaria de ter conhecimento disso.
-Paula minha irmã, lembras que estiveste doente  e logo acamada  no hospital terreno, veio a febre alta  e começaste com uma infecção  que te levou ao desencarne.
 Mas, o que precisas saber é que tudo foi programado pela espiritualidade. Tú mesmo concordaste  antes de reencarnar que deixarias a terra com 56 anos. Portanto não tens por que te queixar nem procurar  desculpas. Estava escrito, tudo determinado.
Para que lembres melhor, pois sabemos que o espírito fica um pouco aturdido ao chegar  aqui na espiritualidade, quero que relembres:
Um grupo de amigos espirituais,  levou ao teu conhecimento que  deverias partir para o planeta terra e  com a idade de 23 anos conhecerias um rapaz chamado Marcos  e irias te apaixonar e casarias com esse homem.
Mas, também foi recomendado que tivesses paciência necessária com ele pois tua missão seria levá-lo ao bom caminho.
Marcos em outra encarnação passada  foi ofendido, magoado.Paula fizeste muito mal a ele, e agora na atual  encarnação , o teu papel seria  ajudá-lo a seguir o caminho do bem e do amor.
Para isso, necessitarias de muita paciência e serenidade. Lembramos a ti que em certos momentos de tua vida irias  pensar em terminar tudo e se afastar dele, mas que não devias fazer isso, pois terias que ir até o final na tua missão de esposa e de mãe . Foi revelado na ocasião que terias uma filha com Marcos  e serias uma boa mãe, pois sabemos o quanto gostas de crianças.
E que fizeste minha irmã ? Foste uma esposa  impaciente, não soubeste fazer entender a esse homem o quanto é necessário a fé em Deus para levá-lo ao bom caminho.
Não ajudaste a eliminar o vício  da bebida, apenas aceleraste  o descontrole desse homem,  trazendo –o para a bebida cada vez mais.
Tiraste  a presença da filhinha  com três anos  e a culpa cabe a ti  e daí em diante a vida  dele desmoronou.
 Não culpes somente a ele, os dois são responsáveis  por tudo que se passou  durante o tempo de encarnada. As mágoas procura esquecer  e deixa para trás. Procura refazer tua vida e assim através do estudo irás obtendo mais conhecimentos   sobre a vida espiritual e poderás ajudá-lo daqui mesmo e a tua filhinha que tanto amas.
Paula, olhou para irmão José e lágrimas escorriam pela sua fronte. Não pensara assim, guardara no  coração  tantas imagens vivenciadas  de desamor, de brigas,  de discussões, de ofensas, que se sentia muito mal somente em relembrar.
Irmão José, também explicou a Paula que assim que ela se sentisse mais forte emocionalmente seria levada por ele até a sala de projeções  para assistir  o seu histórico de vida e assim entender melhor  tudo que aconteceu enquanto encarnada.
Naquela noite, na cama do hospital, sentiu-se mais tranqüila. Pediu ao irmão José que lhe orientasse como fazer para progredir espiritualmente. Desejava fazer um curso e entender o que se passava  com ela e com as pessoas, como se dava esses fenômenos que as pessoas falavam que acontecia...
Tudo era motivo  de surpresa e então alguns  dias depois,  com novo ânimo,  iria levar as pessoas conforto e  ajuda no que fosse possível.
Resolveu irmão José levar Paula para fazer parte  do grupo das irmãs de caridade que era composta de enfermeiras, médicas e de pessoas que entendiam um pouco da parte biomédica e assim ela começou com o seu trabalho no hospital. Estava fazendo parte da equipe de trabalho do hospital onde a irmã Scheilla  trabalhava e se sentia feliz.
De manhã cedo, já se via a irmã Paula como a chamavam, lavando o chão do hospital, para que ficasse tudo asseado, ia até o jardim e colhia rosas grandes e cheirosas e colocava dentro de cada jarro que existia na cabeceira de cada doente.
Sempre com carinho ela tratava a todos, com muito amor e esse sentimento se expandia cada vez mais em seu coração.
O amor se irradiava do semblante da irmã Paula e ela nem notava tão ocupada que estava, sempre preocupada  com seus doentes e amigos que crescia sempre.
Que felicidade ela sentia em seu coração! Sentia o plexo solar preenchido, antes o sentia vazio, às vezes, até sentia dor e não sabia porque.
À medida que trabalhava em favor do próximo o seu plexo ia sendo preenchido e agora ela se sentia plenamente energizada.
         Assim os anos foram passando e certo dia ela pediu ao seu orientador irmão José, que necessitava lhe falar por uns instantes.
-Muito solícito, ele lhe falou: - Fique a vontade minha irmã e me diga o que a preocupa.
-Sinto uma saudade muito grande da minha família, da minha filha principalmente. Será que vai ser possível ir vê-la, irmão José ?
Farei o possível irmã Paula para levá-la a visitar seu antigo lar, isso se a senhora tiver permissão dos seus superiores. Não lhe prometo nada por enquanto.
Três dias depois, o irmão José,  chamou Paula e lhe falou:
-Amanhã, iremos até o Rio  de janeiro e  acompanharei você para ver sua família, isto é seu  marido e sua filha, mas de antemão quero que você vá preparada, pois muitas mudanças aconteceram depois de seu desencarne.
Controle  sua ansiedade. No  dia seguinte, de mãos dadas com irmão  José, Paula partiu volitando para o Rio de Janeiro.
Como era bom sair assim segura pelas mãos fortes do amigo.Sozinha ainda não conseguiria volitar pois lhe faltava confiança em si mesma.
Às 8 horas da manhã, exatamente , no tempo da terra , chegaram a frente de uma casinha no bairro de São Cristóvão. Era uma casa humilde, mas muito limpa e organizada e adentraram  na sala.
Não havia ninguém naquele cômodo, Paula relembrou aquela casa e viu uma foto sua  em uma moldura na parede.
Ouviu vozes na cozinha e para lá se dirigiu encontrando uma moça muito linda com um rapaz  de feições tranqüila  e ela procurou através do pensamento, telepaticamente, saber quem era aquele jovem. Visto a intimidade da moça com o rapaz e para espanto seu,  entendeu que era esposo dela.
Então,  aquela moça linda era sua filha, já crescida e aquele rapaz era o seu marido. Oh Deus! quantos anos tinha se passado e ela não tinha percebido...
Procurou  ver se encontrava o seu ex-marido,o Marcos, e nesse momento ele veio chegando da rua e entrando em casa  falou:
-Engraçado, hoje estou me sentindo muito bem , melhor do que nos últimos dias. A filha sorrindo respondeu:
-Que bom papai ,eu e o Cláudio estávamos falando sobre você,como esta bem foi muito bom ver você freqüentando o AAA e assistindo estas reuniões , pois são muito importantes para  que encontre o equilíbrio.
Como a mamãe ficaria feliz em vê-lo assim como está.
Coitada da mamãe sofreu tanto, peço a Deus que esteja em paz. Rezo para ela todos os dias, para que ela seja feliz.
Paula assistiu com lágrimas nos olhos a sua filha falar e  lhe deu um abraço, ficando por trás dela e lhe dando um amplexo. A filha ficou arrepiada e falou que cheiro de rosas, senti como se alguém me desse um abraço.

Paula estava satisfeita, via sua família feliz, pela conversa que assistiu, compreendeu que Marcos estava gostando de uma mulher e estava bem sem beber.
A filha, casada com um homem bom  e irmão José para completar sua felicidade, falou que breve eles receberiam um espírito naquele lar. Uma criança, ou melhor um menino, chegaria naquele lar e encheria de risos e alegria aquele ambiente. E lhe antecipou o nome que a criança receberia, lhe dariam o nome de Paulo, em homenagem a lembrança dela.
Já tinha permanecido o bastante , pensou  Paula, podia partir em paz. Seus doentes estavam precisando dela, dos seus cuidados, e ali não tinha mais o que fazer. Dali para frente eles iam continuar suas vidas e ela também, embora fosse de outro modo.
Saiu volitando com irmão José e sempre de mãos dadas, uma imensa  serenidade ia se apoderando dela.
Já não pensava da mesma maneira que antes, a cada dia sentia que se desprendia mais das coisas do mundo, coisas que a seu ver nada valiam. Somente o amor às pessoas e a ajuda ao próximo conseguia lhe fazer feliz.
Agradeceu a Deus ao chegar ao hospital, por tanta bondade em sua vida. E achou que,  partiu da terra em hora certa, pois  ainda tinha muito que fazer em prol do seus irmãos desencarnados.
Na terra, sua família deveria seguir seu livre arbítrio e  continuar seu caminho, ela com as graças de Deus e o auxilio dos irmãos faria sua parte caminhando em busca de evolução espiritual, sabendo que para conseguir essa evolução deveria ter em mente três coisas. É imprescindível para o crescimento espiritual:
Estudar  - amar  -  perdoar.

AS APARÊNCIAS ENGANAM


As aparências enganam

Dona  Mariazinha  era uma velhinha muito simpática. Dessas que agente conhece e logo tem vontade de fazer confidencias e entabular um bate papo gostoso. Não se conhecia sua idade certa mas todos os habitantes do lugar  lhes davam  uns 65  anos mais ou menos.
A simpática velhinha não tinha família, mas vivia naquele casarão antigo deixado por herança de um familiar e como havia muitos quartos disponíveis ela os alugava  para  assim conseguir sobreviver. Todos os seus  hóspedes lhe queriam bem pois tratava a todos com cortesia  e atenção. A delicadeza  lhe era inerente e sempre tinha um sorriso nos lábios quando lhe solicitavam  algo.
A cidade era pequena e todos se conheciam. Quando chegava algum visitante logo todos tomavam conhecimento. Fosse para passar apenas um dia  e conhecer o lugar ou para passar uma semana.  O certo é que a direção que indicavam era a casa da  Dona Mariazinha para se alojarem.
Paraíso , assim se chamava, era um lugar privilegiado. As ruas calçadas com pedras miúdas, os casarões  antigos  dava um ar nostálgico a cidade.
A limpeza dos moradores contribuía para que as ruas e praças  estivessem sempre livre de sujeiras.  As casas com arranjos de flores nos terraços , principalmente as flores chamadas de onze horas,porque se abriam  nesse horário , de todas as cores, era um festival. Vermelhas, amarelas, cor  de rosas, lindas , servindo de admiração para os que chegavam a cidade.
Havia também recantos maravilhosos como  uma cachoeira , fora do centro, mas que os visitantes podiam chegar ate lá com apenas 10 minutos de caminhada. Era um passeio preferido pela população e aos domingos costumavam fazer piqueniques na relva  perto  da cachoeira.
Naquela manhã do dia  29 de Março de ... logo cedinho começou o boca a boca , ou melhor o disse me disse. Chegara um visitante acompanhado da esposa para passar quinze dias na cidade. E como sempre foi logo encaminhado para a  pousada da Dona Mariazinha.
Já sabiam que ele tinha vindo passar as férias e escolhera Paraíso por ter informação de ser um lugar tranqüilo, muito sossegado. Os moradores começaram a passar uns para os outros , o nome dele era Carlos, sua profissão  médico e sua esposa chamava-se Cláudia. Também em poucos instantes já sabiam ate a idade deles . O Dr.  Marcos estava com  trinta anos e a esposa com 25 anos.Eram recém casados.

A pousada  atualmente estava  com  três quartos alugados. O número 10  era alugado a  Celeste. Ela tinha chegado ali para passar umas férias , tinha gostado e resolveu ficar. Era jovem com 29 anos de idade e muito bonita.
As pessoas da cidade achavam que ela muito  independente, mas a elogiavam por ser muito trabalhadora.  Em pouco tempo ali  montou uma pequena boutique onde vendia roupas que trazia da capital. Viajava  trimestralmente para  trazer coisas novas e vendia bem aos turistas e moradores do lugar, pois era a única boutique da cidade.
Era uma boa pessoa e benquista de todos, soubera conquistar a amizade da comunidade com sua simpatia e bom humor.
O quarto numero 11 estava com um casal , também boas pessoas, muito tranqüilos. O casal chamava-se  Marcelo e  Lenira e tinham vindo a Paraíso por recomendação médica.
 Estavam bastante  estressados  e resolveram sair da capital . Alugaram sua residência e foram passar uns meses em Paraíso. Estavam gostando muito do lugar, faziam muitas caminhadas  e conversavam  muito com os moradores, estavam sempre a par de tudo que acontecia. Nao tinham problemas financeiros ,assim diziam. Eram pessoas da terceira idade.
O quarto numero 12 agora estava alugado ao médico Carlos e sua esposa Cláudia e a Dona  Mariazinha estava feliz , era mais um dinheirinho que entrava. Procurava se esmerar na limpeza e no atendimento para que todos estivessem bem.
Escolheu esse quarto para o casal quando soube que eram recém casados, pois era decorado com papel de parede todo em flores vermelhas miudinhas, o quarto era um mimo embora simples. Com certeza eles  ficariam felizes, o que foi confirmado por Cláudia.
-Obrigada Dona Mariazinha o nosso quarto a senhora  escolheu com capricho, fico-lhe grata.
-Ela respondeu ...espero que vocês gostem e voltem sempre que quiserem.
D. Mariazinha ia se retirando do quarto da Cláudia quando viu  o Dr. Marcos chegando na sala de visitas ,ele tinha ido buscar uma maleta que tinha ficado no carro. Nesse momento a Celeste ia saindo para a boutique e de repente ao passar pelo médico ela parou  e ficou como que petrificada.
Os dois  ficaram paralisados olharam-se e não disseram uma palavra.   Nesse momento  ouviu-se a voz da Cláudia chamando...
-Carlos  vem logo, você esta demorando muito, vem trocar de roupa , vamos passear para conhecer a cidade. A voz da esposa despertou o médico e ele desviou-se da Celeste e se encaminhou para o quarto.
Isso não passou despercebido  pela  proprietária que pensou...
-Que estranho... tive a sensação  que já se conhecem  e quiseram dar a impressão que nunca se viram.
Para ajudá-la  na pousada, Dona Mariazinha   tinha  a Verinha uma mocinha muito pobre, nascera nessa cidade, lhe  oferecera  emprego  para que ela ganhasse alguma coisa e assim ajudasse a família.
 Verinha arrumava os quartos, fazia a limpeza dos banheiros e mais alguma coisa. A Dona Mariazinha se encarregava de preparar a alimentação dos seus hospedes,  sempre muito limpa ,com  muita higiene e pratos diversificados era assim que ela gostava. 
A vida  naquela cidadezinha pacata  transcorria calma e sem muitas novidades.
Apenas nesse dia 29 houve  duas novidades no lugar. A chegada do médico e sua esposa , e também do vigário da cidade. O antigo vigário,  falecera há dois meses e os paroquianos estavam esperando o envio de um novo vigário que , finalmente naquele dia  veio tomar posse e cuidar da paróquia.
Já passava de 13 horas  quando um  táxi parou em frente a igreja e o novo pároco  saltou com agilidade. As pessoas correram para vê-lo
-Oh!  como é jovem  e bonito !
-Tão diferente do nosso padre Eurico já tão velhinho.
É verdade alguns diziam , mas é bom que seja jovem para poder trabalhar mais , ter mais energia para fazer  caridade para os pobres.
O padre ligeiramente  acenou  com a mão para aquelas pessoas curiosas e entrou na casa paroquial onde o esperava a velha  Maria, empregada da casa.
Apresentou-se  e dando uma boa tarde com alegria  , foi dizendo:
-Como te chamas ?
-Maria, Senhor padre.
-Bem Maria , vamos viver numa mesma casa portanto temos que ser grandes amigos. Eu sou o padre  Sergio e vou ajudar as pessoas desse lugar.
Necessito que você que conhece todos meus paroquianos fale de cada um para mim  como são, o que fazem, onde moram etc.
Inclusive  também fale-me do padre que faleceu, do que ele gostava , para que assim eu consiga obter a amizade dos meus paroquianos.
Você compreende... preciso  ser atencioso com todos para que aprendam a gostar de mim como do outro padre que faleceu.
-Sim senhor padre, respondeu Maria , o que puder ajudar pode contar comigo.
Dia seguinte logo cedo os sinos repicaram as seis horas chamando os fieis para a missa. A cidade acordou alvoroçada e logo foram se vestindo com suas melhores roupas para assistir a missa. Queriam conhecer o novo vigário.
Nesse dia o padre  Sergio se apresentou e todos já ficaram gostando dele, pois era uma linda figura no púlpito, enquanto fazia a homilia. Isso era o que todos pensavam ao vê-lo falar tão bem.  Envolvente, pensavam alguns.
A missa do padre Sergio era diferente , cochichavam alguns. É mais moderna diziam outros. Durante a missa cantava-se  hinos alegres e as pessoas ficavam mais felizes, um bom sinal , alguns falavam.
O sermão era como se ele estivesse conversando com as pessoas, muito bom mesmo ... a cidade inteira comentava.
Na igreja durante a missa uma pessoa não conseguia desviar seu olhar do padre Sergio. No meio de outras pessoas ela procurava  não ficar muito visível  para poder observá-lo bem.
Será que era a pessoa que estava pensando ? Não , não era possível ... devia ser alguém muito parecido...
Oh Deus será que não vou ter mais  paz  na vida ?
         Os dias foram passando....  outros turistas chegaram a cidade mas pernoitavam e iam embora dia seguinte, outros passavam apenas o dia e a tardinha voltavam para a capital. A cidade Paraíso continuava com seu ritmo calmo, tranqüilo.
Dia 8 de Marco , pela manhã o padeiro ia levando o cesto de pães , montado numa velha bicicleta  em direção as casas onde teria que deixar, como fazia todos os dias.
Passava ´primeiro na pousada da Dona Mariazinha e deixava uma sacola com  21 pães  tipo francês, sempre as 6 horas da manhã. A partir daí ia distribuindo nas outras casas da cidade.  O pagamento era efetuado mensalmente na própria padaria.
Assim ,o padeiro  entregou  os pães da pousada,e  ia assobiando alegremente sentindo a brisa da manhã quando parou assustado com algo caído  no chão a sua frente.
-Santo Deus , que será isso ?
Era algo enrolado num lençol  marrom...
Encostou sua bicicleta , desceu, chegou junto e constatou:
-Ai que horror! que horror! Deixou a bicicleta  e saiu correndo chamando , ajudem aqui , por favor.
Foi um alvoroço na cidade , as pessoas foram chegando e levantaram o lençol e  a exclamação foi geral.
-Mas é Celeste , como pode  acontecer  ?   Quem fez isso ?
.        Ali se encontrava o corpo de Celeste, tinha sido mortalmente atingida com um tiro  no peito. A arma não se encontrava no local do crime.Toda a área foi vasculhada e nada.

A policia foi chamada e constatou que o tiro foi disparado por um revolver  taurus  calibre 38. Quem seria capaz de ter feito isso ? Todos se perguntavam.
O médico Carlos  assim como outros turistas foram ver. Fitando  aquele rosto que ele tão bem conhecia, lembrava os  bons momentos que  tiveram juntos, pena que acabou tudo daquela maneira...
Foi levado o corpo para a autópsia e as pessoas do lugar mesmo se encarregaram de providenciar o enterro para o dia seguinte e chamaram o padre Sergio para benzer a falecida.
Padre Sergio fez uma bonita prece que serviu de comentários após o sepultamento. E elogiou o caráter da moça que diziam ser uma pessoa de bem. Embora, dizia ele ,  não tenha  tido tempo de conhece-la  melhor.
Tudo isso foi feito,mas a pergunta estava no ar, quem  teria matado ?   Todos se gostavam , não houvera discussões com  ninguém. Qual a causa do crime ?
O delegado  procurou pistas e nada encontrou que o levasse a desconfiar de alguém, todos pareciam condoídos com o que tinha acontecido.
Depois de dois dias de intensa busca ,e  de ter  ido  até o quarto 10 onde ela residia na pousada da Dona  Mariazinha  e ter revistado  seus pertences nada encontrou.
O delegado  procurou saber se tinham conhecimento de algum parente dela e não souberam informar, pois a Celeste era uma pessoa muito discreta. Não comentava com ninguém sobre sua família.
O chefe de policia então pediu a dona da pousada que encaixotasse todos os pertences dela  e os guardasse.  Futuramente se  alguém viesse reclamar ele então devolveria.
Eram roupas , objetos de uso pessoal, tudo muito simples. A loja da boutique foi fechada enquanto o caso se resolvia. O delegado resolveu  colocar um anúncio sobre a morte dela num jornal da capital, talvez assim aparecesse algum parente.
A noite, enquanto estava pensando, tomando seu cafezinho na delegacia, relembrou todos seus passos e pensou... não encontrei uma só pista...
Isso é caso para meu amigo , o detetive X .
Vou pedir-lhe que venha ,se possível, amanhã no trem que chega as11 horas.  Ele tem mais experiência e talvez consiga  deslindar tudo isso.  Pegou o telefone e discou ...
Após o telefonema , sorriu. O assassino que aguarde ... isso não vai ficar assim.
Dia seguinte na estação tinha pouca gente, como sempre, a espera do trem das 11 horas. Entre eles o delegado  Coimbra.
 Precisamente dentro do horário, o trem chegou. De um vagão desceu, observando tudo ao seu redor o celebre detetive X. Avistando  o delegado Coimbra  foi ao seu encontro estendendo-lhe a mão...
-Meu amigo como vai ?
-Vou indo , temos alguns problemas a resolver , preciso de você.
-Vamos indo para a delegacia e no caminho você vai me contando o que está sucedendo por aqui... mas devagar para que eu possa ir captando os pormenores...
Fale-me também Coimbra das principais pessoas do lugar e seus nomes... o que fazem, certo?  
E assim Coimbra  narrou todo o acontecido inclusive que já tinha revistado os pertences da vitima , mas nada encontrou...
-Qual seria o motivo do crime Coimbra ?
-Ainda não consegui detectar respondeu o delegado.
Detetive X ouviu o amigo com a máxima atenção e já passando das 13 horas perguntou ao amigo onde poderia ficar por uns dias na cidade .
-Caso deseje pode ficar na minha casa , é pequena mas se arranja. O Detetive falou:
-Amigo gostaria de ficar num hotel ou pousada pois não tenho horário certo de dormir. E seria desagradável tirar você e seus familiares da rotina, certo?
Portanto me indique onde poderei ficar ...
O delegado falou: Caso não se importe você poderá ficar na pousada onde a vitima morava, Pousada da Dona  Mariazinha e lhe deu referências da  proprietária.
Em seguida levou-o  ate lá e ficou tudo acertado, o detetive ficaria alojado no quarto numero 13.
Quarto 13 repetiu ele, para uns é um numero de azar, mas para mim sempre me deu sorte e sorriu...
Verinha se ofereceu para levar sua maleta,  mas ele recusou.
- É apenas uma maleta de mão , eu mesmo a levo. Não se preocupe, certo ?
Pediu  a dona da pousada que lhe preparasse um farto almoço pois estava com fome e assim não conseguia pensar direito.
E seguiu  para o quarto que lhe destinaram. Enquanto não o chamavam para o almoço, detetive X pegou um papel  e começou a fazer suas anotações:

A vitima morava nessa pousada cuja proprietária e Dona Mariazinha
Quarto  10 – morava a vitima Celeste
Quarto  11- Marcelo e Lenira  (casal de terceira idade).

Quarto  12- Carlos e Claudia  ( casal em lua de mel)
Quarto  13-  o que ocupo atualmente  (detetive  X)
Quarto  14-Dona Mariazinha

Verinha dorme  na casa da família
Necessito falar com todos, depois converso com as pessoas da cidade.

Detetive  X tomou um banho de chuveiro demorado,colocou roupas limpas e bem passadas e encaminhou-se para o refeitório.
A mesa já estava posta e Dona Mariazinha gentilmente lhe indicou  o lugar, mais dois hospedes estavam almoçando. O médico Carlos e a Claudia. A proprietária  então aproveitou a oportunidade e apresentou-os ao detetive. Eles se cumprimentaram com um sorriso e então ela falou:
-O detetive X veio até nossa cidade, para ver se consegue descobrir quem matou a Celeste.
-O Carlos lançou um olhar surpreso e o detetive notou um leve tremor em suas mãos, mas que passou imperceptível a sua esposa e a proprietária.
-O detetive aproveitou a oportunidade e falou:
-Gostaria de pedir a senhora Dona Mariazinha permissão para falar sobre esse assunto com todos os hóspedes. Sei que e desagradável, mas é necessário pois é meu trabalho, certo ?
-Perfeitamente detetive , fique a vontade. Tenho certeza que todos aqui gostariam de colaborar para que esse homicida  pague pelo crime.
Quando o senhor quiser poderemos conversar sobre o assunto e responderei  sobre tudo que souber, o que lhe adianto é muito pouco.
Após o almoço , sentados no terraço da pousada se reuniram , as seis pessoas  que estavam na pousada no dia do crime, incluindo a Verinha.
Todos sentados em cadeiras em círculo  e o atento e perspicaz  detetive X  começou as perguntas.Com um  bloco nas mãos ele ia anotando as respostas dadas para posterior consulta.
-Dona Mariazinha , gostaria que falasse sobre a vitima. Qualquer coisa o que vier na cabeça certo ?
-Ela começou:
Celeste quando chegou a Paraíso, notei que ela devia ter alguma tristeza oculta, às vezes notava seu pensamento longe e raramente sorria.  Isso não era normal em uma pessoa jovem e bonita.
Até imaginei  detetive que talvez ela tivesse tido alguma desilusão com alguém, algum caso amoroso que não deu certo , não sei...

A medida que o tempo foi passando, ela soube cativar as pessoas do lugar e todos gostavam muito dela, pelo menos aparentemente. Nunca ouvi comentários maldosos  sobre ela, sempre falavam muito bem dessa jovem.
Sobre a família nunca comentou nada, trimestralmente ia a cidade para comprar material para sua boutique e assim ia levando a vida...toda certinha , nada sei que a desabonasse.
Celeste  pagava a pensão em dia , e sei que a boutique andava bem , pois estava sempre com gente fazendo compras, às vezes, a prazo.
Não encontro motivos detetive para que uma coisa assim acontecesse.
-Obrigada Dona Mariazinha, já fiz minhas anotações e agora peço a senhora Cláudia para falar sobre a vítima. Fale a vontade.
-Ah detetive, eu não tenho o que falar. Vi essa moça poucos dias.  Não tivemos tempo de fazer amizade. Apenas quando cheguei notei que era uma linda mulher e jovem. Cheguei até a pensar: Como é que uma pessoa consegue viver numa cidade  agradável, mas pequena como essa ? Sem muitas opções de lazer, deve ser uma monotonia ....
Sinceramente não tenho como lhe ajudar ,o senhor compreende.
-Obrigado Claudia , passemos então para o Dr. Carlos. É a sua vez doutor de falar o que sabe ou que ouviu  sobre a vítima.
O médico falou que assim como a esposa, não tivera tempo de conhecer a vítima  portanto não tinha nada a acrescentar, apenas que tinha ouvido falar que era uma boa pessoa e todos gostavam dela.
-Muito bem Dr. Carlos, eu agradeço a cooperação de todos. Vamos passar para  o Marcelo e depois a senhora Lenita, por favor.
-Marcelo e logo após a Lenita falaram o que todo mundo sabia, que a vítima era uma pessoa alegre, que davam boas risadas durante as refeições, contavam casos engraçados  ou ficavam vendo TV, tudo com muita amizade e franqueza. Mas a Celeste não era dada a confidências,era muito discreta, portanto sobre sua vida pessoal eles nada poderiam acrescentar.
Detetive X agradeceu e pediu a Verinha  que dissesse alguma coisa. Ela olhou para todos e disse não sei de nada, faço somente meu trabalho e a noite vou dormir em casa. Não tenho tempo de ficar olhando o que as pessoas fazem e dizem. Desculpe, corro o dia todo, o senhor compreende.
-O detetive agradeceu, mas compreendeu ao olhar a Verinha, ela deveria saber de algo mais, sentia isso, mas estava com receio de falar para não se comprometer. Depois procuraria falar com ela a sós, em particular.
         -Levantando-se agradeceu a presença de todos e falou se precisasse  de alguma informação procuraria  a eles novamente, e seguiu para seu quarto.
Chegando lá sentou-se na cadeira de balanço olhando a paisagem  que se descortinava  pela  janela aberta , começou a refletir...

Sentiu sinceridade na maioria mas a Ritinha sabia de alguma coisa e ocultou. Seu faro de detetive não falhava nunca.
O Dr. Carlos idem, sentia que ele ficava nervoso todas as vezes que se falava no nome da vítima, era como se ele soubesse alguma coisa e não quisesse revelar.
Mas vamos dar tempo ao tempo, pensou o detetive X ... nada fica oculto com o passar do tempo. Tudo se revela com certeza, ele saberia esperar o desenrolar dos acontecimentos.
Passeou aquela tarde pela cidade, conheceu várias pessoas, deu boas risadas contando casos e ouvindo outras histórias e assim ia captando um pouco de um, um pouco do outro e ia formando seu dossié sobre a personalidade da Celeste e também dos moradores.  
No momento dois assuntos estavam como foco, um bom, outro  ruim. O homicídio da Clarisse e a simpatia do  padre Sergio.
         O padre estava dando uma renovada  na igreja,  planejando leilões, teatrinhos, tudo para conseguir dinheiro a fim de ajudar a comunidade pobre do lugar. A população  embevecida  assistia a tudo com alegria e muita gratidão. 
Ao chegar na pousada a tardinha, já quase noite,o detetive X  viu a Verinha ir saindo apressada para voltar a sua casa. Num ímpeto resolveu aproveitar a oportunidade e perguntou se poderia ir junto com ela e no caminho iriam conversando. Necessitava lhe falar em particular.
Notou que ela ficou muito nervosa, mas não negou e assim o detetive foi lhe acompanhando até sua casa.
No caminho ele investiu nas perguntas , a fim de desfazer  dúvidas que tinha, indagando:
-Verinha, tudo que você me falar é confidencial, nada será revelado a ninguém , palavra de detetive. Necessito que você me esclareça se por acaso ouviu alguma conversa de algum hóspede, sobre qualquer assunto que tenha estranhado e se falou com alguém  sobre isso. Veja bem, isso é muito importante para esclarecer esse homicídio.
-Verinha então lhe falou que realmente ouvia assuntos dos outros pois ela é que fazia  arrumação nos quartos e sendo as paredes finas, muitas vezes,  ouvia coisas que os hóspedes conversavam. Mas não gostaria de se meter na vida deles, pois precisava muito desse emprego. Ouvia e calava.
Mas, como o detetive estava  lhe afirmando que faria segredo ela tinha estranhado sim. Celeste, desde a chegada  do Dr. Carlos, ela estava diferente. Viu-a chorar naquele dia que ele veio para a pousada com a Cláudia. Até perguntou se ela estava passando mal e ela tinha respondido que sentia uma tremenda dor de cabeça.
Olha detetive, notei que ela mentia, mas me ofereci para fazer um chá de camomila  quentinho e sai para fazer lá na cozinha. Quando fui voltando com o chá,  passei pela frente do quarto do Dr. Cláudio,ele e a esposa  estavam discutindo aos gritos.
Cláudia dizia ao marido que se ele voltasse a ficar atrás daquela mulher, ela acabaria com ela, que não duvidasse do que ela poderia fazer.
Como tinha já notado os olhares do Dr. Carlos nas refeições para Celeste associei  o que a Cláudia estava falando,  devia estar  se referindo a Celeste.
Não sei se estou certa detetive X mas, foi o que percebi. Por favor, não fale o que lhe contei para ninguém.
-O detetive X agradeceu, deixou  Verinha  na porta de sua casa e voltou  no mesmo caminho em direção a pousada.
Estava noite, arvoredo fechado de um lado e de outro. Detetive X sentiu como se estivesse sendo observado. Seus ouvidos perceberam um leve rumor de folhagem, seria o vento ?
Moveu a cabeça em direção do ruído e sentiu passar raspando por sobre seu ombro direito o som de uma bala, que por pouco não o atingiu.
Procurou se recompor o mais rápido possível e foi em busca de quem tinha tentado lhe atingir, ouvia os passos nas folhagens mas a noite escura não permitia distinguir quem tinha sido. Via tudo preto a sua frente, não distinguia nem a roupa de quem tinha tentado lhe matar ou dar um susto.
Caminhou rapidamente com precaução  e chegando a pousada resolveu não falar com ninguém sobre o que tinha  acontecido. A verdade é que estava incomodando alguém e se tinham feito essa tentativa de lhe assustar ou mesmo para matar é que o homicida continuava ali na cidade.
Agora tinha certeza, devia ser alguém dali, e iria aumentar sua vigilância em torno de todas as pessoas. Devia ser alguém muito esperto e longe de qualquer suspeita, assim pensava ele.
Chegou no quarto, tomou um banho  quente e logo adormeceu. Estava cansado. Afinal não tinha mais  trinta anos, a   idade estava chegando.
Dia seguinte na hora do café, o detetive X, resolveu deixar para tomar seu café num horário que estivesse o casal  Cláudia  e Carlos a mesa. Iria fazer-lhe uma surpresa e sentir as suas reações.
Servindo-se de um delicioso leite com chocolate e saboreando brioches recheados de geléia de goiaba, o arguto detetive repentinamente  falou:
-Amigos vocês não imaginam o que me aconteceu ontem, não é que tentaram me matar com um tiro ?
Seus olhos fixaram-se na Claudia, esta ia levando a xícara a boca mas a mão tremeu e respingou café na toalha. Do mesmo modo a atitude do Dr. Carlos trouxe a desconfiança, por motivo do seu olhar se voltar para a esposa e para o detetive.
Com clareza se notava que havia algo que não tinha ainda sido esclarecido entre aquele casal e a vitima.

Percebendo isso o detetive falou:
Gostaria de pedir ao casal que me desse 20 minutos do seu precioso tempo para termos uma conversa particular, certo?
-Está bem senhor, responderam. Levantando-se ... Estamos a disposição.
-Vamos para a sala por favor, me acompanhem.
Depois de sentados, o detetive pediu ao Dr. Carlos que fosse claro, pois vários indícios estavam apontando para o casal. Queria que falassem a verdade. Soube que o casal discutiu  por causa da  vitima. Gostaria de saber se era somente ciúme de uma recém casada ou ela tinha razão de ter ciúme por haver uma ligação maior ?
Dr. Carlos suspirou e começou a lhe falar:
-Detetive X, há quatro anos , ainda estudante, apaixonei-me por uma colega de turma e amava-a como se fosse a única mulher existente no mundo. Havia entre nós afinidades de pensamentos e a única coisa que diferenciava e que, às vezes, me trazia preocupação era o nosso nível social tão diferente.
Celeste era uma jovem muito rica, de pais separados, portanto uma família difícil, pois cada um vivia para seu lado e ela foi criada mais por uma velha tia que sempre a amou.
 Com a morte da tia, ela se sentia muito só e tinha momentos de depressão, pois conseguia comprar tudo que quisesse mas sentia a ausência de uma base familiar que nunca tivera.
Sonhávamos em nos casarmos assim que terminasse a faculdade, pois queria que vivêssemos com o dinheiro adquirido pelo meu trabalho de médico.
Faltando um ano para  me formar e ela também, em uma festa na casa de uma amiga  ela conheceu  um homem  que  mudou completamente nossas vidas.
A partir daquele dia, Celeste ficou completamente apaixonada por ele, chegando a romper definitivamente  comigo e me dizer que a perdoasse mas, tinha acontecido essa paixão e não podia viver sem ele.
Ela abandonou a faculdade  por esse homem e não voltei a saber para onde tinha ido. Soube que tinha viajado com ele, pois dinheiro nunca lhe faltou e não tive mais noticias.
Formado, conheci a Cláudia e em três meses resolvemos casar. Temos afinidades, gostamos um do outro e nunca escondi o que houve em minha vida. Contei para ela a decepção que tive com a Celeste, para ficar tudo claro entre nós.  
Chegando aqui, veja o destino,  encontro a Celeste morando sozinha e trabalhando para  viver, morando numa simples pousada. No momento que nos encontramos fiquei surpreso mas, não falamos, creio que achamos melhor fazer de conta que nos conhecíamos a partir daquele momento.
A Claudia  sabe porque falei com ela e contei a verdade, quem era ela.Sempre quis o bem da Celeste e jamais faria mal a ela detetive pode ter certeza disso.
-Detetive X escutou tudo e sentiu que ele estava falando a verdade mas e a esposa ?
Será que a mulher, por ciúme, não praticaria um crime ?
-A Cláudia se explicou : Senti ciúme sim quando ele me falou que essa moça era a Celeste que ele tinha amado tanto. No momento que ele me contou, falei que poderia até matar se visse os dois juntos, mas foi somente uma maneira de me expressar,  estava nervosa e insegura, jamais cometeria um crime. Não sou desse tipo, detetive, acredite.
-O detetive X  agradeceu aos dois e pediu para que não se ausentasse da cidade, ele poderia precisar de falar com os dois. Voltou ao seu quarto  e começou a refletir.
Onde se encontra a arma do crime ?
Por que ela não apareceu ?
Talvez tenha sido jogada  num matagal ou na cachoeira, ficaria assim difícil de encontrar. Pensando bem, talvez a arma do crime tenha sido a mesma com a qual o assassino atirou  em mim,  a noite. Então esta arma se eu a encontrasse  e fosse do mesmo calibre da que matou a Celeste, já seria uma pista.
Vou a delegacia  falar com o delegado Coimbra  e procurarei saber dele quantas armas estão registradas aqui na cidade e  quem são seus donos.
O delegado Coimbra puxou umas fichas dentro da sua gaveta  e falou:
Aqui está meu amigo, poucas pessoas  tem registro de armas aqui. Essa cidade sempre foi pacata, ordeira sem muitas novidades, crimes são raros, é um acontecimento  esporádico.
-Detetive X  precisava calmamente pensar, dois pontos eram fundamentais.
A arma  calibre 38  a quem pertencia ?
Qual o motivo do crime  ?
Se Celeste estava sozinha na cidade é que tinha rompido com sua grande paixão e talvez com sua família e tivesse começado a trabalhar por conta própria , afim de se distanciar de todos , da família e da paixão.
Era um pensamento lógico. Mas  quem teria interesse de matá-la. Sua antiga paixão ?
Mas, ninguém  sabia o nome  desse homem , nem mesmo Dr. Carlos soube informar isso.  Precisava investigar  mais a fundo, o passado da Celeste. Mas não gostaria de se ausentar da cidade, sentia que o assassino estava ali a espreita, mas quem ?

Voltou a pousada, falou com Dona Mariazinha  sobre como  obter dados da vida dessa  moça, antes dela chegar aqui.
A proprietária  falou  que o delegado tinha deixado uma mala cheia de pertences da vitima para  ser entregue a família, caso aparecesse alguém reclamando.
-Nesse momento, uma luz surgiu na mente do detetive. Vou telefonar para o delegado Coimbra pedindo autorização para rever esses pertences. Talvez encontre alguma pista.
Assim feito, trouxe para seu quarto a mala e pediu a proprietária  da pousada que se alguém perguntasse por ele, não estava para ninguém e também não falasse o que ele estava fazendo.
Fechou a chave a porta  do  seu quarto, sentou na cama e foi tirando peça por peça, objeto por objeto de dentro da mala e colocando em cima da cama observando minuciosamente tudo que via.
Roupas normais de classe média, sem muito luxo. Bibelôs  de porcelana que seriam com certeza lembranças  de família etc.
Lá no fundo da mala  encontrou um álbum grande e rapidamente começou a folheá-lo  com ansiedade. Muitas fotos com nomes abaixo mostrando tias, pai e mãe, e de repente uma foto maior mostrando Clarisse  abraçada a um rapaz jovem, bonito e bem vestido, cabelos louros  e olhos expressivos. Uma bonita figura de chamar a atenção essa era a verdade.
Abaixo estava escrito: O amor da minha vida.
O detetive pensou, que pena ...não está escrito o nome da paixão da Celeste, seria uma pista que eu poderia seguir. Mas já ajudou e já posso fazer uma mentalização de tudo que aconteceu. Tenho que prosseguir na busca,  o tempo urge.
Resolveu dar uma saída pela cidade para papear um pouco, assim é que as pessoas  ficam sabendo uma coisa daqui, outra de lá, e muitas informações, ás vezes, nos leva  a descobrir muitas coisas.
Ia passando pela porta da igreja e resolveu entrar. O padre Sergio estava atarefado conversando com  duas beatas  mostrando como a ornamentação ficaria mais bonita. Elas o escutava,  embevecidas.
-Uma bonita figura tem esse padre Sergio pensou  o detetive X, cumprimentou-o  de longe e saiu da igreja  pensando. De onde tinha visto esse padre  ?
Bem, pensou deve ter sido de outro dia aqui pela cidade mesmo e continuou seu caminho.
Parou na calçada da farmácia proseou com o farmacêutico e este lhe disse:
-Está vindo da igreja  detetive ... viu como esse padre é dinâmico ? Ele não para. Está sempre procurando fazer algo para arrecadar dinheiro para as obras da igreja. Estou gostando de ver.
É também uma  pessoa muito boa e de  conversa também,  podemos afirmar que é um bom papo.
A única coisa que  acho estranho nele é que ele pinta o cabelo. Geralmente padre não tem essa vaidade, mas ele é vaidoso sim, deve ser por ser muito jovem. Bem diferente do  falecido padre  Eurico.
Detetive X  perguntou: 
- Ele veio na farmácia comprar tintura de cabelo ?
-O  farmacêutico falou:
-Ele não. Maria, a empregada, disse  que era para ele. Ela é que veio comprar, mas pediu segredo. Padre Sergio  não quer que ninguém saiba que pinta o cabelo. Deve ser para ninguém saber que é vaidoso não é mesmo ?
Detetive X sorriu, pode ser ... e despediu-se  do conhecido e voltou a caminhar  pelas ruas  conversando com um e com outro.
Passando pela  quitanda onde, grandes cestos chegavam cheio de frutas e legumes para venderem no dia seguinte, estavam  os donos arrumando tudo direitinho e ele deu uma paradinha e falou:
-Boa tarde  como vão todos? E cumprimentou  com delicadeza. Assim já conhecia quase todos os moradores. Quando ia deixando a quitanda  a Maria ia chegando com uma lista na mão e falou para o quitandeiro
-Sr. José, aqui está a lista do que preciso para a casa paroquial, escolha as frutas bem bonitas  assim como os legumes também. Amanhã cedo envie pelo carregador o que foi pedido. Depois o vigário passa por aqui e acerta.
A Maria foi saindo e o detetive X apressou o passo e conseguiu chegar até ela e falou.
-Como vai Maria ? A  ornamentação da igreja está ficando linda, também o padre não descansa não é mesmo ? Sempre trabalhando ...
- É  verdade, ele é  muito trabalhador. Gosta de tudo muito limpo, as roupas dele são todas bem passadas, cabelo  bem tratado... sabe como é, ainda é muito jovem, tão diferente do saudoso vigário falecido.
Bem estou com pressa, até amanhã detetive, uma boa noite para o senhor.
-Boa noite, falou o detetive e sem nem mesmo saber por que falou: Breve lhe farei uma visitinha ,certo ?
-Ficarei grata, tenho pouco com quem conversar.
O detetive encaminhou-se para a pousada, já era noite e não queria ter outro susto  daqueles, precisava pensar.
Sentia que estava  perdendo alguma pista importante, e não conseguia  lembrar do que, por isso o melhor seria ir para casa e refletir  no  silencio do seu quarto.

Na manhã seguinte, desceu para o café e depois de tomar um delicioso leite com chocolate e torradas com mel, resolveu espairecer um pouco e tomou o rumo da cachoeira.
Sentado ali na relva, relaxou e ouvindo  o trinar dos passarinhos, sentindo o cheiro do mato, respirou fundo ...
Mentalmente tenho que rememorar toda a história, vamos ver...
Relembrou tudo, até o momento da tentativa  que sofreu e pensou:
Não entendo porque não consegui ver o vulto, ouvia as passadas nas folhas caídas pelo caminho, o correr do pretenso  assassino, mas não consegui ver nem a cor da roupa que vestia. Porque ?
E  de repente, venho um estalo, a não ser que ele estivesse vestido de preto, assim se confundiria com a noite e eu não conseguiria enxergar. É isso ai, deve ter sido isso.
O detetive X continuou mentalmente seguindo a seqüência. A foto que tinha visto no álbum lembrava alguém , mas quem ?
Aquele homem bonito com aqueles cabelos louros, figura atlética, por isso que as mulheres  se encantavam ...
Cabelos louros ...  será que eram pintados  como o do padre?  Vaidoso esse padre ... Tinha que dar outra olhada na fotografia  da Celeste.
Também precisava fazer uma visita  a Maria empregada do padre. Era uma pessoa de idade e  sabia que elas gostam de bater papo e dizem tantas coisas.
Levantou-se e caminhou de volta para a pousada. Foi até o baú e pegou o álbum e gravou mentalmente  nos mínimos detalhes  a fisionomia  da antiga  paixão da Celeste. E saiu.
Deu a volta na pracinha, passou em frente a igreja, deu uma olhadinha de longe e viu  o padre.  Estava lá  reunido com as beatas conversando.
Dirigiu-se a casa paroquial e bateu a porta. A  Maria apareceu e lhe disse:
-Oh Sr. detetive  cumpriu sua promessa não é mesmo? O padre não está, mas se o senhor não se importar faço um cafezinho e o senhor toma aqui na mesa da cozinha mesmo.
-Muito grato Maria, vim mesmo somente para conversar um pouquinho. Como é a rotina de vocês, me fale ...     
-Essa cidade, não temos muito o que fazer. Maria então começou a falar e ele só escutava. Mostrou a casa, o tanque onde lavava as batinas do vigário, pois tinham que ficar bem limpas e cheirosas. O senhor sabe que a cor  preta  pega muito suor, tenho que deixar quarando para ficarem bem macias. 
Outro dia, o seu vigário saiu para dar uma volta à noite e chegou com a batina toda suja de terra, não sei por onde ele andou. Deve ter ido fazer alguma caridade por aí, pois ele é uma alma caridosa. Trocou a roupa e pediu para que eu molhasse logo sua batina e tirasse toda a terra senão podia ficar com manchas. Veja como ele é cuidadoso.
Detetive X  somente ouvia ... deixava-a falar. Em certo momento perguntou a Maria:
-Por acaso existe alguma arma ou você já viu alguma aqui na casa, mesmo da época do padre Eurico ?
-Ela pensou e disse:  Na época do falecido Padre Eurico  não. Ele não suportava arma de fogo, mas o padre  Sergio ele trouxe uma arma sim.
Ele nem sabe que eu sei. Outro dia vi quando limpava a arma e colocava  dentro de uma caixa no quarto dele, em cima do guarda roupa e pediu para eu  não mexer naquela caixa que estava cheia de documentos dele.
Nem sei por que mentiu, talvez  para que eu não fosse mexer na caixa e poderia me ferir ou acontecer alguma coisa, até nisso ele pensou.
Veja como é inteligente e bom !
O detetive passou mais uns quinze minutos ali e foi embora, antes pediu a Maria que não falasse nada  da sua visita  a casa paroquial a ninguém.  
Talvez o padre não gostasse de saber que ele estivera ali na sua ausência. Ela disse que sim, que não se preocupasse que nada falaria.
O detetive pensou, as coisas estão se encaixando. Necessito ir ao banco Guimarães, o único banco da cidade.  Chegando lá falou com o gerente e  se apresentou como o detetive X , mostrou seus documentos e o gerente se prontificou a lhe dar as informações que desejava.
-Gostaria de saber se a Celeste, a vitima, se realmente tinha conta aqui nesse banco. O gerente falou que sim. Poderia me dizer o saldo mais ou menos, por favor.
O gerente falou: Como é  investigação da policia sobre homicídio não tem problema, aqui está e tirou uma fita da máquina e passou para o detetive. Este olhou o valor e falou:
-Está muito baixo, soube que a boutique dela dava bom lucro, ela fazia alguma remessa para a capital ?
-Sim todos os meses. Quando ela depositava, a maior parte  ela enviava para uma conta na capital em nome dela, individual. Eu sei que era individual esta conta porque ela sempre me dizia que confiou muito certa vez numa pessoa e  somente queria o seu dinheiro e em  pouco tempo tinha lhe deixado a zero.
Agora ia refazer sua vida e tudo que conseguisse seria colocado somente no seu nome, não confiaria mais em ninguém.
-O senhor sabe me dizer se a conta  anterior que ela tinha, ou melhor  a  que ela tinha conjunta , era nesse mesmo banco ?
-O gerente  falou, não tenho certeza. Mas com um simples telefonema, caso o senhor necessite desses dados agora, posso esclarecer.
O gerente da capital é meu amigo e sei que faria esse favor para mim.

Passaram para seu gabinete e ali , no momento ,o gerente  telefonou para o Euclides e pediu  as informações  que necessitava com urgência. Em poucos minutos recebeu tudo, inclusive o nome da pessoa que constava na antiga ficha  da conta conjunta, atualmente encerrada.
Passada todas as informações para o detetive X ele encaminhou-se para a delegacia e chamou o delegado Coimbra. Necessito que reúna  essas pessoas amanhã às 11 horas, na pousada , pois preciso lhes falar.
Peço também delegado que você se dirija para lá,   com três policiais de sua confiança. Não quero revelar nada até  ter absoluta certeza, mas confidencialmente,  creio já saber quem é o homicida.
Detetive X  à noite, sem que ninguém percebesse dirigiu-se a um certo lugar. Entrou furtivamente sem que ninguém percebesse. Apanhou um objeto que ali se encontrava e rápido para não ser visto voltou para a pousada, entrou em seu quarto rapidamente, fechou a porta com chave para não ser incomodado e verificou o pacote que tinha trazido. Estava certo... não havia dúvidas, ele sabia quem era o assassino da Celeste.
Esperou o dia seguinte com ansiedade.Quando deu 11 horas ,adentrou a sala  da pousada onde já se encontravam todos reunidos, os hóspedes, o delegado Coimbra com 3 auxiliares, o gerente do Banco Guimarães, a proprietária Dona Mariazinha  e o vigário Sergio.
-Bom dia   
-Primeiramente quero agradecer a presença de todos nessa reunião que convoquei, a fim de esclarecer  para vocês o que se passou nessa cidade e lhe prometo que ao sair daqui, vocês já poderão se sentir seguros e tranqüilos  na cidade Paraíso. O perigo já estará  afastado.
Quero contar desde o principio a história de uma jovem que tinha tudo para ser feliz. Estudava num bom colégio, era rica, bonita e que a vida era somente de alegrias. Namorava um rapaz colega de colégio, pobre mais esforçado  e se gostavam , fazendo planos para logo que se formassem  se casariam.
Celeste é o nome da jovem e esse rapaz seu nome é o Dr. Carlos aqui presente.
Faltando somente um ano para concretizarem seus planos, apareceu na vida dessa jovem um homem bonito, carismático, bem falante que se dizia bem de vida, mas não passava de um charlatão. Vivia de dar golpes em mulheres ricas  e por ser uma figura bonita e envolvente era fácil despertar paixões nas mulheres românticas  e carentes.
Seu nome era  Mário  Alves de Lima, mas era conhecido por vários nomes, pois para não ser pego ou reconhecido por suas vitimas adotava sempre um nome diferente em cada lugar que aparecia.

Celeste se apaixonou perdidamente por esse homem e induzida por ele anexou seu nome na sua conta que passou a ser conjunta, acreditando no amor verdadeiro que ele dizia sentir por ela.
Rompeu o namoro com seu colega de estudo e voltou-se unicamente para querer fazer feliz esse homem.
Encheu-o de mimos, presentes caros, carros, viagens, etc. e pouco tempo depois estando a zero na sua conta conjunta ela foi notificada pelo gerente do banco e teve que encerrar sua conta, ficando apenas com algumas casas que estavam no seu nome.
Mário Alves de Lima,o charlatão, sumiu de repente da sua vida, quando já não tinha mais o que explorar e foi em busca de uma nova presa.
A depressão tomou conta de Celeste e sem família podemos dizer, pais separados que não lhe dava atenção devida, ela resolveu sumir e viajou para uma cidadezinha  chamada Paraíso para passar um tempo.
Aqui chegou e foi ficando... gostava do lugar da paz que existia, da tranqüilidade ... e resolveu colocar um negócio para se ocupar e também para poder ter uma poupança nas suas necessidades.
Afastou-se dos amigos antigos e começou a levar uma nova vida aqui em Paraíso. Qual não foi sua surpresa quando um dia viu chegar aqui o seu antigo namorado e amigo, o Dr. Carlos, casado em lua de mel com Cláudia.
O choque para os dois foi muito grande, resolveram não se falar que se conheciam, pois ela sentia vergonha do que tinha acontecido e ele já casado não queria que a esposa começasse a pensar mal dele.
Assim  é que continuaram a se ver aqui na pensão, mas não se falavam como antigos amigos para não gerar desentendimentos  com a Cláudia, por ser um pouco ciumenta.
Por sua vez,  Mário  ficou sabendo  através de amigos do paradeiro da Celeste, sabia que ela tinha vindo para a cidade de Paraíso e resolveu vir para cá,  pois necessitava  de falar-lhe e tentar uma reconciliação.
 Tivera conhecimento do falecimento do pai da Celeste e apressou-se a vir,  pois sabia que iria ter novo filão  nas mãos, com a morte do pai seria feito o inventário e ela seria a herdeira de metade do seu patrimônio.
Veio então Mário  para cá e com um nome falso adotado, como sempre fazia, tentou uma aproximação com ela, e não conseguiu.
Marcou um encontro perto da cachoeira, na estrada perto da pousada, e num dia de semana que é mais deserto, ali se encontraram.
Discutiram. Ela pediu que se afastasse da sua vida, ele a ameaçou com um revolver caso ela não quisesse voltar para ele seria seu fim. Ela relutou, jamais voltaria para ele.
Num acesso de revolta, ele atirou no seu peito atingindo um órgão vital ,vindo Celeste a falecer.
O assassino viu  ali perto um pedaço de lençol velho que alguém tinha abandonado, talvez algum pedinte, pegou enrolou o corpo e ali deixou na estrada. Alguém descobriria  o corpo,  mas ninguém saberia que foi ele que matou. Sua posição o deixava acima de qualquer suspeita.
Um crime perfeito, pensou ele e voltou para sua casa. Jamais passaria pela mente de alguém ser ele o criminoso, pois era uma pessoa benquista na cidade.
Mas, o que o criminoso não sabia é que a Celeste tinha uma foto guardada entre seus  pertences da grande paixão da sua vida. E eu  revendo seus pertences vi essa foto, um  bonito rapaz de cabelos louros e bem apessoado.
Ao ver a foto lembrava-me a fisionomia de outra pessoa, mas o cabelo por ser louro embaralhava minha mente e alguma coisa não coincidia. Até o dia em que conversando com o farmacêutico ele falou que o padre Sergio pintava o cabelo de preto, o seu cabelo natural é louro. Não é mesmo vigário ?
Para comprovar minhas dúvidas fui ate a casa paroquial e retirei de uma caixa de cima do armário a arma do crime, um revolver calibre 38 taurus, esse aqui que pertence ao  padre Sergio, certo ?
Quero também informar delegado que esse padre é falso. Ele soube na viagem para cá que o padre Eurico  tinha falecido. Comprou uma valise e uma batina e, pintou os cabelos de preto e assim, com outra figura, de um sacerdote pretendia  dar o golpe duas vezes. Na Celeste e no dinheiro da igreja doada pelos fieis para a caridade.
Delegado Coimbra meu amigo, o caso esta encerrado e passo a você todas as provas, inclusive vou prestar meu depoimento da tentativa de homicídio contra mim.
Pode arrolar a Maria como uma testemunha que lavou a batina suja de terra e sobre o revolver. Comprovei que duas balas tinham sido disparadas. Uma para Celeste e outra em tentativa contra minha vida.
Prendam esse homicida e charlatão, irá pagar por seus crimes  e não fará mal as pessoas de bem. A vida em Paraíso será um verdadeiro “ Paraíso”  daqui para frente...

O caso esta esclarecido, certo?