O poder do amor
O calor estava insuportável. Era uma tarde de verão no nordeste onde atinge 37 a 38 graus.
Cleuza ligou a televisão para passar o tempo, não que estivesse sem ter o que fazer. Apenas o mormaço a deixava numa moleza tal que não dava vontade de fazer nada.
Percorreu todos os canais e nada agradou, resolveu deixar em um onde a apresentadora anunciava uma entrevista com um especialista .
Especialista de que ? pensou Cleuza. Depois do comercial vocês irão saber , falou a apresentadora dando resposta ao que ela tinha pensado.
Ficou curiosa e resolveu deixar o aparelho ligado. Após o comercial o entrevistado apresentou-se como Dr. José Maia e começou a enumerar os diplomas recebidos nos Estados Unidos , na sua área onde tinha ido estudar há mais de 8 anos. Estava voltando ao Brasil e montava seu escritório dando no momento seu endereço comercial.
Dr.. José então começou falando que sua especialidade era ensinar os pais a lidarem com seus filhos. Qualquer problema comportamental que o filho ou a filha tivesse, ele orientava com segurança a volta a normalidade.
Cleuza por uns instantes prendeu sua atenção na tv , afinal era um especialista e sempre era bom ouvir as opiniões de uma pessoa que parece entender do assunto.
Ele passava que os pais deviam conduzir as vidas dos filhos , seguindo suas instruções , como se houvesse um manual que todos devessem seguir.
Ora, pensou Cleuza, nossos filhos não são máquinas e sim pessoas , cada um com uma personalidade e seu direito a liberdade de agir e pensar como desejem.
Não há uma pessoa igual a outra nesse mundo , por isso a necessidade da benevolência e paciência para entendermos uns com os outros.
A medida que Dr. José falava viu que ele não entendia nada de criança como afirmava. Quem melhor de que a mãe para entender seu próprio filho ?
Desligou a tv , colocou um CD e o som da Canção de Ninar de Brahms encheu o ar. Sentiu-se bem, a música clássica tinha o poder de equilibrar seus pensamentos lhe trazendo calma e paz.
Estava preocupada com seu filho Marcos. Com 16 anos idade difícil , de transição, necessitava muito da sua contínua orientação e atenção.
Nos últimos dias vinha notando seu olhar distante, como se enxergasse algo e ao mesmo tempo não estivesse vendo o que focalizava seu olhar. Algo o preocupava e queria ajuda-lo mas ainda não tinha conseguido fazê-lo abrir-se em confidências com ela. Saberia esperar até que ele a procurasse para que ele não se sentisse invadido na sua privacidade.
E a Miriam ... sua filha, ia completar dezoito anos e por isso se sentia dona do mundo e achava que tudo que ela, a mãe , falava era careta , ultrapassado.
-Dizia... O tempo esta muito diferente do seu mãe, agora temos de viver de acordo com a sociedade atual.
Cleuza tinha conhecimento que ela gostava de um rapaz que morava perto da sua casa, parecia ser um bom rapaz, mas também era outra preocupação em saber se ele também a amava. Queria que a filha fosse muito feliz em tudo, no trabalho, nos estudos, no amor ...
Gostaria que seus filhos nunca tivessem de passar por dificuldades, mágoas ou desgostos...
Certa vez Cleuza ouviu uma senhora conversando dizer, que depois que se tem filhos, nunca mais vivemos sem preocupação. Sentia que isso era uma grande verdade. Quando pequeninos a preocupação era com a alimentação para crescerem fortes, sadios e bem de saúde.
A medida que vão crescendo a preocupação é com os estudos de uma maneira geral e depois vem namoros, trabalhos, a própria vida se encarrega de fazer surgir os obstáculos inerentes ao ser humano.
Somente o poder do amor consegue equilibrar a mulher que é mãe, refletia Cleuza. É um exercício constante de paciência, de benevolência e principalmente de plena doação.
Um barulho ouviu ... alguém abria o portão de casa. Levantou e olhou pela janela. Seus lábios abriram-se num sorriso feliz. Os filhos estavam chegando, naquele estardalhaço, naquela euforia da mocidade. Risadas gostosas vieram preencher a casa e o seu coração, sentiu que o ambiente ficou inteiramente iluminado de amor...
As preocupações sumiam nessas horas de aconchego e paz...
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